Talha
ou filtro? Conheço pelos dois nomes e, aqui, usarei a denominação antiga, lá da
casa da infância: talha.
A
lembrança mais antiga, dela, me encontra, bem pequena, talvez com uns quatro anos de
idade, ou menos ainda. Ficava na copa (sala de refeições), da nossa casa, num
canto da parede, sobre uma peça de mármore branco.
Acredito, ter sido um dos sonhos de consumo da minha mãe que, a achava linda o que ela, de fato, é!
Tinha
porém, um grande e grave defeito para uma talha: a água guardada nela não fica
fresquinha como convém à água de beber, a louça não possui esta capacidade
térmica. Lembro-me que, nas tardes de verão, costuma-se colocar gelo dentro para amenizar
este problema.
Um
dia, saiu do seu pedestal e, simplesmente, foi para dento de um armário, sendo substituída por
outra, de barro, que nos proporcionava, embora com menos beleza, água
fresquinha. E neste armário ficou anos e anos.
Agora,
saiu do ostracismo e, em peanha de madeira, feita especialmente para ela, com a solenidade de grande dama, enfeita
nossa varanda.
Sugeriram-me
plantasse algo nela... Nem cogito tal coisa! Imagine só danificar esta
preciosidade... Até
a torneirinha é original e não tem nenhuma trinca ou quebradinho.
Nas
lembranças, antigas, me encontro, também, com muito medo das carantonhas de leão que
a enfeitam. Agora, estou criando o mito que, estas carrancas, protegem, a casa, dos maus espíritos a exemplo das que enfeitam as barcaças do rio São Francisco.
Ando, ansiosa, na expectativa da chegada de outra preciosidade que pertenceu a minha
mãe. Será? Vamos ver, até o fim da semana saberei.