Minha mãe tinha uma irmã chamada Carolina. Ela a
chamava de Calina e, nós outros, a chamávamos de Ló ou Loló. Todas minhas
lembranças da Ló são delicadas, meigas, ternas e carinhosas. Lembro-me da sua
voz rouquinha e até do seu cheiro... Seu cabelo era lindo lindo, um algodão ( e, naquele tempo, não havia shampos especiais para cabelos grisalhos...).
Loló com minha sobrinha mais velha no colo.
O lourinho é meu irmão e esta menina de sapatos novos
sou eu!
sou eu!
A Ló não se casou e, então, passava uma temporada
na casa de cada irmã. Quando estava na nossa casa, para nós, os sobrinhos, era
um período de muitos passeios. Ela saia comigo e meu irmão, todos os dias, para passeios
na periferia da cidade. Pegávamos o "lotação” até o ponto final e dali caminhávamos... Com ela, lembro de ter ido ao Cristo Redentor várias vezes, córrego da Água
Limpa (a água ainda era limpa mesmo...), balneário das Águas Santas, Tiradentes, visitar a Dolores (a bordadeira)...
Lembro da minha mãe separando costuras (consertos
e remendos) e crochês para a Ló fazer... dizia-se que, quando ela não se sentia
mais útil, arrumava a mala e ia para a casa de outra irmã então, o segredo, era
dar-lhe trabalho para ela ficar bastante tempo.
Quando eu, já moça, comecei a trabalhar, comprei um tecido para toalha de mesa e pedi a Ló para fazer um barradinho. Eu tinha
a firme convicção que teria minha casa, casasse ou não.
Esta toalha está em uso há bem uns 35 anos. Já um
pouco desbotada mas, inteira... e é o barradinho dela, em linha Mercê Crochê, que era a linha preferida de trabalho da Ló, que quero mostrar aqui... Simples mas, uma delicadeza!
Qualquer dia desses vou tentar fazer este
barradinho mas, em linha mais grossinha, é claro!
Nossa, que saudades da Ló!!!!